Fazer uma Tosta Mista… É tão fácil!... Pão, queijo, fiambre, pão… torradeira e já está!
Pois não há nada mais errado que isto!
Não é que fazer uma Tosta Mista bem feita seja difícil, longe disso, mas há inúmeros detalhes que podem transformar uma reles Tosta Mista num petisco divinal!
Vamos por partes:
O PÃO
A escolha do pão é de extrema importância, pois pode condicionar todo o resultado final de uma Tosta Mista. Varia consoante o gosto pessoal podendo ser utilizado praticamente todo o tipo de pão originando diferentes estilos “tósticos” e proporcionando, por vezes, agradáveis surpresas. Não se coíba de inovar.
Vou-me debruçar particularmente sobre 3 tipos de pão:
- pão de forma: é o pão clássico na execução de uma Tosta Mista, principalmente em estabelecimentos comerciais. Evitar os pães de forma industriais, pré-cortados. No pão de forma o requisito principal é a grossura das fatias e devemos ser nós a defini-la. A fatia perfeita terá uma grossura ligeiramente superior às fatias do pão de forma industrial. Dependendo dos gostos, pode ser removida cirurgicamente a côdea, mas, pessoalmente, não aconselho.
- carcaça (biju, papo-seco): o meu preferido para uma tosta de pequenas dimensões. O importantíssimo segredo do uso deste pão numa Tosta Mista é que deverá ser utilizado ressesso, com um ou dois dias. A tosta fica incomparavelmente melhor, pois ganha uma muito maior consistência do que quando o pão é fresco.
- pão alentejano: devido à sua categoria, este pão origina uma Tosta Mista de aspecto e sabor fabulosos. O pão deve ser cortado numa zona onde as duas fatias tenham uma dimensão semelhante, que nem sempre é possível devido à sua forma. As fatias não devem ser demasiado finas, mas também não podem ser tão grossas como as do pão de forma.
O QUEIJO
O queijo a utilizar numa tosta mista será o tradicional queijo flamengo afatiado ou então o Limiano (melhor opção se não houver afatiado).
Não tenha medo de pôr muito queijo, que nunca é demais. A colocação do queijo é muito importante, devendo ser colocado, todo ele, dentro dos limites do pão. O queijo quer sair de dentro do pão, por isso, se o colocarmos desta forma, ele vai, naturalmente, sair por uma ou outra abertura criando aqueles pequenos e deliciosos bocados de queijo torrado. Muitas vezes cai-se no erro de colocar o queijo por fora do pão e isto vai provocar a saída da grande maioria do queijo para o exterior durante o processamento, deixando o interior praticamente vazio. E não há nada mais desconsolante do que comer uma tosta neste estado…
O FIAMBRE
No que diz respeito ao fiambre, este deverá ser de boa qualidade e cortado fininho. O número de fatias varia com a dimensão, mas, normalmente, duas ou três fatias é o ideal. No fiambre já é aconselhável colocá-lo ligeiramente por fora dos limites do pão para que estas partes fiquem deliciosamente tostadas. Dá outro gosto!
SUGESTÕES DO CHEFE
- Orégãos: ficam sempre bem, dando “aquele” gostinho (pessoalmente, já não os dispenso);
- Mostarda: pode-se sempre acrescentar um pouco de mostarda, preferencialmente barrando-a sobre uma das partes (interiores) do pão;
- Salpicão: Uma tosta diferente e de grande sabor pode ser obtida substituindo o fiambre por um bom salpicão cortado fininho;
- Tomate: Compõe muito bem a tosta nos momentos de maior fome e dá-lhe um ar mais saudável. Deve colocar-se com um pouco de sal.
O PROCESSAMENTO
Depois de termos a nossa matéria-prima devidamente colocada, está na hora de a levar à torradeira. Esta deverá estar pré-aquecida e num nível médio para provocar um tostar contínuo e não repentino.
O primeiro erro comum, que destrói uma Tosta Mista, ocorre mal se fecha a torradeira. Ao fechá-la sem a levantar, esta pressiona a parte de cima do pão para a frente ficando as duas porções desalinhadas. Além de esteticamente ser um desastre, o interior fica exposto e a tosta arruinada. Ao fechar é importante levantar a parte superior da torradeira e tentar assentá-la sobre a tosta o mais horizontalmente possível.
Outro pormenor essencial é o uso de rolhas (na horizontal) na torradeira para evitar que esta feche totalmente. Se não utilizarmos estas rolhas, as tostas ficam comprimidas e finas demais e o queijo sai muito mais facilmente, pois a pressão da torradeira é enorme. Com as rolhas, a nossa tosta fica da grossura destas, o que lhe permite ficar numa dimensão ideal para ser “abocanhada” e o pão fica mais consistente e estaladiço.
Depois de fechada, pressiona-se a torradeira de modo firme (mas não demasiadamente violento) para compactar a Tosta Mista à dimensão das rolhas, tentando garantir que o queijo está bem dentro dos limites do pão.
O tempo de “tostagem” é importantíssimo e nunca deveremos ter pressa. O queijo tem que, obrigatoriamente, derreter muito bem e temos que garantir que ultrapassa aquela fase “amarelo mais escuro”. Um queijo que não está “no ponto” é a causa mais comum para Tostas Mistas de fraca qualidade. E, por vezes, um queijo bem derretido consegue salvar uma tosta feita com pouco zelo. Lembrem-se disto.
Quando o pão começar a ganhar uma “corzinha”, está na altura de barrar com manteiga em ambos os lados (superior e inferior). A manteiga é fundamental numa Tosta Mista de qualidade, dando ao pão outro sabor e outra textura.
Deixa-se tostar a manteiga um pouco e quando sentirmos que o queijo está no ponto, retiramos e provamos a melhor Tosta Mista do Mundo!!
Nota: Se, por acaso, repararmos que o queijo está a sair excessivamente da tosta, mas no interior ainda não está no ponto, o modo de a tentar salvar será deixando tostar com a parte superior da torradeira mais alta, sem tocar nem fazer pressão sobre a tosta.