domingo, 15 de março de 2009

JIMI CONVIDA NUNO GOMES

Nota da redacção: Este artigo foi escrito por Nuno Gomes.

O GRITO

O meus pais foram-me levar a Prado. O casal de imigrantes, que eu não conhecia, saía de lá para a Alemanha e eu ia Zé Manelar um ano para Leipzig. Naquela altura não se voava por 0 cts. A minha mãe a chorar, o meu pai a rir-se. Fomos ali por Chaves porque o Sr. Bastos queria se despedir de Portugal, disse-me. Mesmo com o seu grande BMW (não, azul) só com o cair da noite tínhamos chegado a Espanha e com o nascer do dia estávamos em França. Foi onde parámos para descansar. Estranho, pensei eu. Parámos para descansar e comer. Eu já vinha a comer tanta porcaria pelo caminho e mal tinha pregado olho toda a viagem. Nunca tinha estado tão longe de casa e cada curva e cada paragem eram uma aventura. Saía sempre. Primeiro buenas noches, depois bonjour, mas já a pensar no guten Tag. Parámos para comer e acho que foram os rissóis da Dona Sameiro que o provocaram – juntaram-se com as Ruffles que tinha ido pegar à prateleira e posto na caixa para o meu pai pagar. Ele disse “isso vai fazer-te mal..”, e eu “não vai nada.”. Arrumámos as coisas e seguimos. Caí de imediato no sono – tipo anestesia. Simplesmente não conseguia manter os olhos abertos e agora tinha um GRANDE problema. Estava encostado àquele banco de trás do BMW só para mim com os maiores gases que alguma vez tive. Sabem aquela sensação do “there is no way back..”? Fiz o truque do dedinho, a dança do ventre, mas, mesmo assim, ele(s) continuavam ali, prestes a explodir... Drogado pelo sono, senti o último olho a fechar...

BRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR (acordei) BRRRRRRRR brr

- Desculpe, Sr. Bastos… Dona Sameiro… é que eu...
- Ò HOMEM, peida-te à vontade!

Dormi até a Alemanha e até hoje sou muito amigo do Sr.Bastos e da Dona Sameiro, porque eles também eram grandes Zé Maneis.

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