quarta-feira, 10 de setembro de 2008

A JIMIZINHA ESPECIAL E O SANDES


SANDES E A ORIGEM DA JIMIZINHA ESPECIAL

A Jimizinha Especial é fruto de um daqueles felizes acasos dignos de referência.
Como manda a tradição, há dois anos, no Verão, o meu primo Sandes (alcunha fictícia) usufruía de umas semanas de férias em minha casa. Eu, nessa altura, não gozava do mesmo privilégio e continuava a trabalhar......
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Pensando melhor, pausemos o desenrolar da história por instantes...
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Num Blog intitulado Vida de “Zé Manel” é impossível prosseguir, quando nos referimos a Sandes, sem abrir o devido parêntesis. Isto porque falamos, apenas e só, do Bento XVI ou, melhor ainda, do Dalai Lama da Zé Manelice.
Sandes é o homem que melhor encarna o espírito do que é ser um Zé Manel. As suas peripécias davam para páginas intermináveis visto que, desde partir dentes a levar facadas, já tudo lhe aconteceu no estado Zé Manel, vencendo consecutivamente (desde 1997), e sem adversários à altura, as últimas 12 edições do troféu “Zé Manel do Ano”, atribuído pela conceituada revista ZemanElle. A sua hegemonia Zé Manelina supera a de Yelena Isinbayeva no salto com vara, Michael Phelps na natação, Usain Bolt nos 100 e 200 metros e até mesmo, por mais inverosímil que possa parecer, a do F.C. Porto no futebol português. Numa das cerimónias de entrega dos troféus, Sandes chegou mesmo a dizer: “Aceito que me ergam uma estátua, desde que seja feita de cerveja... Super Bock!”
A título de curiosidade, a sua última façanha foi entrar por minha casa às 8 da manhã, depois de uma noite de Zé Manelice, acompanhado do taxista que o tinha trazido, o qual convidou para beberem uma "cuquinha" e comerem uns perceves que eu tinha preparado anteriormente. Só mesmo do Sandes... Aliás, a relação Sandes/Taxistas, por si só, contém matéria suficiente para um Blog independente. Um caso a pensar...

Depois de feita esta mais do que merecida apresentação d'”O Sr. Zé Manel”, podemos retomar o episódio Jimizinha...
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Durante as referidas férias, Sandes passava os dias na poltrona a ver religiosamente, na SportTV, os empolgantes amigáveis de pré-época de todos os campeonatos de futebol, desde o português ao cipriota. As vitórias do Omonia Nicosia enchiam-no de moral já que, quando eu chegava a casa, ainda ofegante da “lavoura”, era presenteado com as suas palavras reconfortantes: “O que é que vamos jantar hoje?” A pergunta era tão sentida que quase me levava a desculpar-me por não ter sido possível preparar-lhe o almoço.
E foi numa destas sessões de culinária para saciar o Dalai Lama que, enquanto “inventava” uma massa com carne, me apercebi que o aroma e sabor do que preparava se assemelhavam bastante aos de uma francesinha especial. Apesar de, até à data, nunca ter feito nenhuma, nem sequer conhecer uma receita, resolvi, baseado no que tinha confeccionado para aquela massa, fazer uma sessão de francesinhas especiais para os amigos (leia-se Zé Maneis).
Como a receita era totalmente nova e levava uma considerável quantidade de vegetais, a FAFE (Federação Autónoma de Francesinhas Especiais) decidiu, mais tarde, considerá-la uma subespécie diferente, surgindo assim a Jimizinha Especial. (Ficou igualmente provado que o cruzamento entre uma Francesinha e uma Jimizinha era incapaz de produzir descendência fértil.)
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INGREDIENTES (Para 4 Jimizinhas)

- Azeite;
- Óleo;
- 1 Cebola;
- Alho;
- Louro;
- 3 Cenouras;
- Pimento verde;
- 4 Tomates maduros;
- Polpa de tomate (1 frasco média);
- Mostarda Savora- Ketchup (não é obrigatório);
- 1 pacote de Natas (200mL) ou o equivalente em leite;

- 1 Cerveja;
- Whisky;
- Molho Inglês;
- Tabasco;
- Pão de forma por cortar;
- Fiambre fininho (nem que se desfaça) (200 / 300 g);
- Queijo (300 / 400 g de queijo afatiado e ¼ de bola de queijo Limiano);
- Chourição (15 / 20 fatias);
- 3 Linguiças;
- 4 bifes de novilho ou vitela;
- 4 Ovos.
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CONFECÇÃO

Ponto prévio:
Neste artigo, a confecção da Jimizinha Especial está dividida em 2 partes diferentes que, obviamente, são executadas em simultâneo, sendo necessário coordenar as múltiplas e diferentes etapas com enorme rigor, para que tudo vá ficando concluído a seu devido tempo.

O Molho:
Estruge-se, numa panela com azeite (e em lume brando), 1 cebola e 3 dentes de alho muito bem picados.
Quando se notar um suave alourar, acrescenta-se uma mistura de 3 cenouras e uma boa porção de um pimento verde, eximiamente triturados.
Após uns 5/10 minutos a refogar, adiciona-se 4 tomates maduros, também exemplarmente desfeitos, e uma folha de louro.
Deixa-se cozer mais uns 15 minutos, ao fim dos quais se acrescenta a polpa de tomate. A quantidade de polpa não deverá ser exagerada (pouco mais de meia garrafa média), mas, em caso de necessidade, é o ingrediente ideal para fazer acertos na quantidade de molho. Deixa-se cozer mais uns minutos.
A partir deste ponto começa o tempero, sendo este processo muito mais livre e sujeito à sensibilidade de cada um. É, também, nesta fase que se colocam 3 linguiças a guisar no molho para que estas, à medida que se vai condimentando, transmitam um pouco do seu paladar e, em simultâneo, adquiram o gosto do “preparado”.
Deita-se, então, mostarda (2/3 colheres de sobremesa bem cheias), um nada de ketchup (opcional, apenas se for necessário adocicar), uma cerveja e um pouco de Whisky. Acrescenta-se um pacote de natas (200 mL) ou uma quantidade equivalente de leite.
Para finalizar, apimenta-se com tabasco, molho inglês e, se necessário, coloca-se também um pouco de sal.
Retira-se as linguiças e a folha de louro e passa-se tudo muito bem com a varinha mágica.
Continuando a cozedura em lume brando, prova-se o molho para fazer os ajustes que eventualmente sejam necessários. Deve ficar bem “puxadinho”.
A espessura corrige-se com um pouco de água, mas não esquecer que o molho da Jimizinha Especial é, por natureza, espesso, sendo a principal razão pela qual é considerada uma subespécie diferente.

A Jimizinha:
Previamente ao início da confecção da Jimizinha Especial, a carne deverá ser temperada com sal e alho. Um pouco antes de termos o nosso molho concluído, fritam-se os bifes com um “nadinha” de azeite (quase grelhar).
Os ovos são estrelados em óleo (cobrindo com sal refinado), o mais próximo possível da ida da Jimizinha ao forno.

No que concerne à preparação, propriamente dita, da Jimizinha, digo-vos, desde já, que esta é uma sanduíche densa,... muito densa. Começa pelo cortar do pão de forma que, idealmente, é executado por nós. Deste modo, definimos a sua grossura que será um pouco maior do que a do pão de forma comercial.
Vai-se, então, colocando sobre uma das fatias de pão:
- 3 fatias de fiambre (alternando cada uma com os restantes ingredientes);
- 2/3 fatias de chourição (alternando cada uma com os restantes ingredientes);
- 6 a 8 rodelas da linguiça guisada no molho (que entretanto cortámos);
- 1 porção de queijo Limiano (de dimensão próxima dos limites do pão e com a grossura aproximada de 3 fatias de queijo afatiado);
Colocamos a outra fatia de pão (que poderá estar barrada com mostarda) e levamos uns minutos à torradeira para prensar e torrar ligeiramente o pão.
Em seguida, colocam-se 4/5 fatias de queijo afatiado a cobrir a sanduiche (inclusivamente os lados) e leva-se ao forno, previamente aquecido. Na ausência de forno, o queijo também pode ser derretido na torradeira.

O Final Feliz:
Quando o queijo se encontrar bem derretido temos o nosso processo finalizado, restando-nos pôr a sanduíche num prato de sopa, colocar o ovo estrelado por cima, verter o molho até cobrir o prato e saborear a Jimizinha Especial!
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Nota:
No dia em que preparar tudo alegremente e só no final se aperceber que não tem varinha mágica à disposição, não desespere. Sirva o molho por passar. Já foi testado, com grande sucesso. Chama-se Sopancesinha Especial.

6 comentários:

Anónimo disse...

Isso com uma batatinha frita a acompanhar... È de comer e chorar por umas jolas...

Anónimo disse...

Bem.. a próxima fábula tem que meter perceves e um taxista... haverá ligação??? :) hehe

Jimi disse...

Acabei de colmatar a falha com o episódio do taxista, o qual me tinha esquecido, indesculpavelmente, de colocar. Abraços e beijos.

Anónimo disse...

Muito bem. Tenho que exprimentar um dia destes.
Realmente já faltava uma breve mas arrebatadora referência ao REI.
Ficamos à espera de deliciosos desenvolvimentos.

Anónimo disse...

eu sobrevivi para contar... eu comi uma sopanzinha especial!!! :)

Anónimo disse...

por fim provei a dita!! um mimo!!(não dá pra chamar pitéu por razões zémanelisticas)
e para os enjoadinhos há sempre a versão cheese-free ;-)
biju*