quinta-feira, 24 de julho de 2008

VIDA DE “ZÉ MANEL” - INTRODUÇÃO

Escrevo estas histórias porque a minha memória já não é o que era. E a minha memória já não é o que era devido a estas histórias. Então, antes que se apaguem de vez, resolvi transcrevê-las. Entretanto pensei: “Já que as vou registar, porque não partilhá-las? Pelo menos assim alguém se poderia rir de mim!”
E assim nasceu este Blog onde colocarei uma série de parvoíces não só da minha autoria, como também do meu alter-ego Jimi (que vos será apresentado brevemente). Mas não esperem mais do que parvoíces.


Ao iniciar esta série de crónicas com o tema “Vida de “Zé Manel”” devo, antes de mais, explicar o conceito “Zé Manel”.
Zé Manel, o original, é um indivíduo que, não raras vezes, bebe “um copito a mais” (leia-se “bastantes copitos a mais”). As suas inúmeras peripécias sob o efeito do álcool tornaram-se lendárias na sua terra o que, a determinada altura, originou a expressão: “Já estás Zé Manel!”, o que significa, obviamente, que a taxa de alcoolemia da pessoa em causa já ultrapassou a do Zé Diogo Quintela em noite de Ano Novo.
Para se perceber melhor esta lenda viva, deixo alguns episódios que, sendo verdade ou não, já pouco importa, pois o homem é um mito!

História 1: Zé Manel ia de manhã cedinho pela Estrada Nacional fora quando é obrigado a parar junto à linha de comboio. Estava na sua paz, a ouvir o seu som, quando um veículo não faz a travagem a tempo e embate na traseira do seu carro. Sem culpa nenhuma, sai do carro e confronta o outro condutor envolvido na situação. Este não se deu por culpado pelo que, após uns minutos de discussão, resolveram chamar a GNR.
Enquanto esperava, Zé Manel olha à sua volta e repara: “O que é isto? Um café mesmo aqui ao lado? Já estou com uma certa sede!” Entra no estabelecimento e resolve começar a beber umas cervejas. A GNR tardava e a sede de Zé Manel aumentava... E a sede tem, obrigatoriamente, que ser saciada (um Mandamento para qualquer “Zé Manel” que se preze!). Dez finos depois, chega, finalmente, a GNR.
- Então há aqui um incidente? Parece-me simples, não vejo qual é o problema. Este senhor embateu por trás neste automóvel, sendo, por isso, sua responsabilidade. – diz o Sr. Agente. – Vamos só seguir com o protocolo e os senhores vão “soprar ao balão”.
Sopra o condutor que embateu na traseira de Zé Manel e resultado perfeito: 0,00!
Sopra Zé Manel…
- Amigo, 1,5? Assim, o caso muda de figura e o Sr. José Manuel vai ter que assumir as consequências de tudo isto. – revela o Sr. Guarda, soltando uma risada para o colega.
- Mas Sr. Agente, eu juro-lhe, quando ele me bateu, eu ainda não tinha bebido!

História 2: Certa madrugada estava o meu tio junto a casa a conversar com um amigo, finalizando mais uma saudável noite de copos, quando chega um veículo automóvel um pouco instável e estaciona perto deles. Quem sai do carro? O mito vivo Zé Manel, já bastante “Zé Manel”! Tudo tranquilo, dirige-se para a porta de casa e junto à porta sobressalta-se e começa a procurar algo em todos os seus bolsos. Volta ao carro e começa a rondar o carro, tenta meter a mão pela frincha da janela, em vão… Com ar de desespero, tenta o tecto de abrir, sem sucesso… Dá voltas ao carro, volta a mexer nos bolsos, tenta tudo!...
Entretanto, comenta o meu tio para o amigo:
- Olha-me a narsa com que o Zé Manel já está! Ele está à procura de qualquer coisa, é melhor irmos lá ajudá-lo.”
E lá foram.
- Então Zé Manel, que é que se passa?
- Vocês não vão acreditar… Deixei as chaves de casa dentro do carro! ‘Tou f*%$&#!
- Zé Manel, e não tens as chaves do carro?
- Ei!! Pois é!... – responde, deitando a mão à testa.

Ao longo dos tempos e à medida que as suas aventuras se foram acumulando, Zé Manel tornou-se num exemplo e num símbolo para aqueles que gostam de levar uma vida pautada por excessos movidos a álcool.
“Já estás “Zé Manel”!”, “Olha-me pr’aquele “Zé Manelão” que ali vai!” ou “És um berdadeiro “Zé Manel”!” são apenas algumas das expressões que se foram criando ao longo dos tempos entre a comunidade “Zé Manelina”, comunidade essa que vem ganhando cada vez mais fiéis oriundos dos mais diversos cantos do planeta.
Digamos que a “Zé Manelice” ultrapassou o seu próprio criador e tornou-se num estilo de vida, num movimento, numa religião…

Eu sou um “Zé Manel” e estou aqui para prestar a minha homenagem a este Che Guevara do Verde Tinto!

Saudações “Zé Manelinas”

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